O ministro Gilmar Mendes tem dito, para quem quiser ouvir, que a inelegibilidade de Lula será difícil de reverter no TSE, mas a sua prisão não é certa. O amplo leque de recursos à disposição do ex-presidente pode fazer com que ele não enfrente os percalços da cadeia, mesmo devidamente condenado.
Gilmar, o rosto mais emblemático da chamada "politização da Justiça", apenas reverbera o que já é largamente considerado nos salões mais poderosos de Brasília.
Há uma articulação entre o mundo político e o mundo jurídico para deixar Lula fora da eleição e fora da cadeia.
E a razão é simples.
Ninguém (que importa) tem interesse em que ele seja preso.
A possibilidade de uma convulsão social com a visão de Lula atrás das grades assusta mesmo aqueles que sempre fizeram oposição ao ex-presidente.
Lula livre, leve e solto seria uma forma de compensar suas dezenas de milhões de apoiadores por não tê-lo na corrida presidencial.
Nessas horas, os mais pragmáticos costumam acomodar os fígados no lugar mais frio que encontrarem.
E o que Brasília mais tem é gente preocupada em preservar seus interesses, assim como também é pródiga na produção de jabuticabas jurídicas.
Dilma Roussef, por exemplo, teve o mandato cassado, mas permaneceu com os direitos políticos mantidos. Em uma decisão polêmica, o próprio presidente do Supremo à época, Ricardo Lewandowski permitiu que esse arranjo político-jurídico fosse votado.
A entrada de Sepúlveda Pertence no rol dos advogados de defesa vai ajudar na costura de uma saída menos ruinosa para Lula. Presidente do STF, de 95 a 97, o jurista tem livre acesso a todos os gabinetes importantes dos três poderes. Foi ele quem convenceu seu amigo Lula a escolher a ministra Carmem Lúcia para sucedê-lo quando deixou a corte.
Com Sepúlveda, sai o estilo buliçoso que tanto marcou a defesa de Lula nos últimos embates com juízes e desembargadores. A litigância exacerbada estreitou ainda mais o caminho de Lula para ficar livre da cadeia.
A tática mudou.
Vamos ver se o resultado também.
Fonte: Coluna do Fraga/R7 Notícias
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